sexta-feira, 15 de abril de 2011

Quem decide se é ofensa, sou eu!


Sou bissexual. Isso não devia me definir. Tipo, eu sou alta, tenho cabelos castanhos e gosto de pizza e nada disso é uma definição de mim. Mas o fato de eu namorar homens E mulheres (nunca ao mesmo tempo que fique claro) é. Como se fosse um carimbo na minha testa: Alessandra, bissexual...qualquer outra coisa só vem depois. Se sou alta, psicóloga, torcedora do flamengo, viciada em livros ou boa cozinheira, sei lá...nada disso importa.

Eu passei da fase de me irritar com isso. Tenho 40 anos e tive 20 para me acostumar a esse tipo de comentário. Quando vejo que alguém da minhas relações sente a necessidade de colocar a etiqueta "bi" logo depois de me apresentar a alguém, eu simplesmente deixo de dar intimidade. Uma coisa no entanto eu ainda não superei. A mania que o povo tem de querer decidir o que me ofende ou não.

É o que o Sr. Rica Perrone defende. Branco, classe média, com nível superior e, acredito eu, heterossexual, o Sr. Perrone acha que pode decidir o que ofende ou não um homossexual. Xingar em estádios? Ah, parem de drama, isso não pode ofender vocês. É cultural. Deixa eu xingar de viado é direito meu. Eu nem vou entrar na questão "cultural" por que cultural é também apedrejar mulheres no Oriente e eu nem por isso acho defensável. Vou me ater só a uma questão: quem define o que ofende? O ofensor ou o ofendido?

Michael, do Volei futuro, queria viver num país em que sua natureza não fosse usada como sinônimo de agressão ou ofensa. Não interessa se é "cultural" xingar o adversário de viado, como não interessa se é cultural na Alemanha, xingar de macaco. Interessa se o xingado se sente ofendido. E Michael se sentiu. E eu me senti.

Não interessa se na turba de uma torcida as pessoas se sentem acima do bem e do mau. Quem define o que me ofende sou eu!

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