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terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Muito além de reality

Eu podia até escrever sobre como é suspeito que a Globo tenha ignorado o caso por 24h (as mais decisivas em qualquer crime), ou como minha inocência não é tão grande, que ache normal quatro advogados da rede de televisão, aconselhando a suposta vítima. Não vou perder meu tempo. Se você tem mais de 2 neurônios funcionando, sozinho já chegou a essa conclusão.

A questão é muito maior que o aquário/zoo humano e seus defensores e haters. É muito mais que a manipulação nossa de todo dia, via JN e novelas onde beijo gay é proibido. É sobre violência e machismo. É sintomático. Visite uma matéria sobre aborto, homofobia ou feminismo. Olhe os comentários. Bem vindo ao século XV.

Desde o início do caso se tenta justificar a existência de duas classes de mulheres: as estupráveis e as não estupráveis. As primeiras são aquelas que de alguma forma são capazes de provocar os instintos do macho da espécie. Ele, coitado, é mera vítima da sedução da mulher (qualquer semelhança com o caso de uma maçã e a condenação do mundo é mera coincidência...ou não). E aí os machistas de armário, aquele povo que posa de progressista, liberal e defensor das minorias, mas no fundo tem um tacape agarrado ao pulso, mostram as garras.

Dá desânimo. Porque né? EU SOU MULHER. E pelos critérios desse povinho eu sou estuprável. Gosto de sexo, já dei bastante, bebo, uso a roupa que quero. E ainda sou gorda. Como Mayara. Cuja fala sobre Daniel, um dia antes da festa foi ignorada. Ela diz textualmente que ele a bolinou durante a noite. Mas Mayara é gordinha. Tá reclamando do que? Devia achar ótimo.Quer dizer, segundo alguns eu ainda teria que agradecer ao estuprador o imenso favor que me faz.

O mais chocante dessa história é que talvez Monique não esteja mentindo. Talvez, como muitas mulheres, ela ache que não é estupro se não houver penetração ou violência física. Do que apurei até agora, ela nem sequer viu o vídeo. A culpa que as vítimas de estupro carregam é imensa. Imensamente proporcional ao julgamento moral que são submetidas: "mas será que ela não fez algo para provocar?"  Imagina trancada, longe da família, com quatro advogados "orientando" e todos os olhos do país? Não desejo essa posição ao meu pior inimigo.

Se você já foi vítima de violência sexual, ou se um dia for, o que eu desejo sinceramente que jamais aconteça, não permita que lhe vitimem duas vezes. Não se cale. O silêncio perpetua a violação. Um IML é um lugar deprimente, exame de corpo de delito é quase uma nova violação, mas é o único caminho para impedir a impunidade.

domingo, 15 de janeiro de 2012

Fundo do poço

Eu tinha uma prova de concurso hoje. E daí eu não consigo dormir. Acordei pela vigésima vez às 5h da manhã e com medo de perder a hora, levantei. Com sono. Liguei a TV pra não dormir de novo. E assisti 25 minutos de um estupro transmitido ao vivo, sem que nada fosse feito.

Tem gente que ainda não entendeu o que é estupro. E está achando que, porque não teve violência (cá pra nós, o que você considera violência?), não é estupro. Que a vítima é periguete, maria chuteira, bebeu e....ah vai...ela merecia né?

Estupro é sexo sem consentimento. E sexo não é só penetração vaginal. Se masturbar na perna, vulva, peito, seja lá onde for da menina e gozar sem ela poder dizer que quer é ESTUPRO. Não enfeita o pavão meu amigo. Mulher não é estuprada porque é periguete ou andou de saia curta. Mulher não é estuprada porque bebeu. Mulher é estuprada porque um homem a estupra. E fim.

Não me interessa se Monique deu (que palavra machista, caralho!) pra metade da torcida do flamengo. Se ela disse sim pra meio Morumbi. PARA O DANIEL ELA NÃO DISSE SIM. Ela não tinha condições de dizer porque estava bêbada e sem discernimento. E se o cara tivesse o MÍNIMO de caráter, teria deixado a menina na cama e ido tocar punheta no banheiro. Mas né? Homem que é homem não pode perder a oportunidade de comer a menina fácil.

A Globo pode chamar do que quiser. Mas fazer sexo/bolinar uma mulher quase inconsciente, sem reação, sem conseguir dizer que não quer, é estupro. Dissimulem o quanto quiserem. É estupro.

Chega de ensinar meninas a não serem estupradas. São os homens que tem que aprender a não estuprar.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Homofobia: ansiedade aprendida


Ultimamente virou moda tentar desqualificar o significado da palavra homofobia. E vale tudo para provar que somos um país tolerante e amável e que homofobia é coisa de gayzista sem noção. Vale tudo mesmo! Até algumas interpretações, digamos...peculiares.

Homofobia, de homo (humano) e fobia (medo). Logo, homofobia não existe porque ninguém tem medo de humanos. (meu cachorro discorda)
Homofobia, de homo (igual) e fobia (medo). Logo, homofobia não existe e nem pode ser praticada por héteros já que seria a fobia de algo igual.
Homofobia, de homo (homem) e fobia (medo). Logo, homofobia não existe porque seria a fobia de seres do sexo masculino.

E por aí a fora, com definições das mais criativas. Mesmo quem analisa a palavra como Homo (de homossexualidade) e fobia (de medo) também afirma que homofobia não existe porque seria o medo patológico de homossexuais. Tudo bem que existam preconceitos, mas isso não é homofobia! Ou no máximo admitem que homofobia seria a expressão de violência física contra gays.

Eu não sou linguísta. E muito menos estamos falando de uma prova de português. Sou psicóloga e portanto minha abordagem será comportamental. Porque homofobia, não só existe, como vai muito além de comportamentos de violência física contra pessoas lgbt?

Primeiro vamos estabelecer o que é fobia. Diferente do que o senso comum preconiza, fobia não é medo. O medo é uma reação do organismo a algo que coloca nossa integridade física em perigo. Sentimos medo como uma defesa a uma situação de perigo real. É positivo e necessário ter medo. Fisicamente, o medo promove no organismo uma série de mudanças na química cerebral, que produzem um estado de alerta. Com medo, enxergamos e ouvimos melhor, temos mais força e reflexos de defesa mais apurados.  "Desligamos" tudo que não seja absolutamente necessário e concentramos tudo em escapar da situação de risco. E fobia?

A fobia é um estado de ansiedade aguda ou crônica, é uma resposta desmedida, intensa, focal e desproporcional ao estímulo. Medo é um estado normal do organismo. Fobia é um transtorno de ansiedade. A fobia tem diversas causas: pode ser a resposta a um trauma (como no stress pós traumático), pode ser uma alteração na química cerebral (transtornos de ansiedade inespecíficos) e pode ser comportamental, aprendida por repetição. O importante é estabelecer que medo é uma reação normal e esperada a um estímulo grave e fobia é uma reação ansiosa e desproporcional ao estímulo.

Esqueçamos os casos traumáticos e químicos e nos concentremos na fobia aprendida. Um exemplo clássico de fobia aprendida é o medo de barata. Coloque uma barata perto de um bebê de seis meses (não, não coloque. Isso é um exemplo retórico). O bebê não reagirá com nojo, medo ou angústia. Provavelmente vai achar aquele bicho engraçadinho e tentará pegar e até (arrrgh) levar a boca. Afinal é uma coisa minúscula!  Mas esse mesmo bebê pode ser exposto a reações ansiosas e completamente exageradas de adultos com fobia de barata. Convenhamos que não existe um motivo real para se ter medo de um inseto de menos de 5cm que pode ser facilmente esmagado. Mas quantas pessoas você conhece que já se machucaram ao fugir, completamente transtornados, de uma mísera barata? (se não conhece, prazer! eu já fiz isso)

O que a barata tem a ver com a homofobia? Quando um adulto demonstra intensa repulsa, ansiedade e desconforto na presença de homossexuais ele pode nem ter a intenção, mas seu comportamento comunica a criança que "aquilo" é algo a ser temido. E crianças aprendem muito mais por imitação que por qualquer discurso que você venha a fazer. Nós aprendemos homofobia com a sociedade. Ao rejeitar e esconder, ao não permitir que demonstrem afeto, ao afastar a criança do "tio estranho", nos xingamentos na escola...tudo isso reforça a ideia de que existe algo(que ninguém consegue definir o que é), inerentemente ruim, na homossexualidade.

A esmagadora maioria das pessoas não se tornará um assassino de gays porque foi ensinado a ter fobia deles. Somos bem mais complexos que isso. Talvez nem sequer reconheçamos em nós aquela sensação ansiosa, desconfortável, inquieta, ruim, na presença de um homossexual que "dá pinta". Acreditaremos firmemente que não é fobia. "Não tenho medo de barata, só acho um bicho nojento" Disse a pessoa que quase pula da janela do 5° andar para fugir da baratinha. "Não sou homofóbico, só não acho legal (fico constrangido, tenho nojo, fico ansioso) que eles beijem na frente da minha filha" Dirá o ator que nem percebe sua homofobia.

Homofobia não é medo de homossexuais. Homofobia é um estado ansioso, de maior ou menor intensidade, na presença de pessoas ou manifestações de afeto homossexual. Mas é muito mais. Porque conceitos extrapolam a simples semântica da palavra escrita. Homofobia é toda e qualquer atitude que tenha por objetivo diminuir os direitos de cidadãos LGBTs e que violem sua dignidade de pessoa humana. Sejam ou não de violência física.  Porque baratas a gente mata, mas seres humanos são outra coisa.

PS: você ficou incomodado com a foto lá em cima?

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Foi tudo boato...

Descansando de sua estafante vida pública, el Senador do Bigode deita em berço esplêndido quando eis que de repente, toca o telefone.

_ Eu poderia falar com o Senador?

_ E quem está procurando pelo nobre defensor dos fracos e oprimidos madeireiros de terras maranhenses?

_ Aqui é do escritório da Fundação Nacional para Atraiçoar Índios. O senhor pode dizer que é urgente? Trata-se de uma campanha terrível que precisamos neutralizar.

Alguns minutos depois, El Bigode atende o telefone.

_Alô

_Nobre senador, obrigado por nos atender. Vossa Excelência poderia nos confirma se procede um terrível boato criado na internet contra os fortes e sempre dedicados madeireiros dessa terra fértil?

_ Contra os madeireiros? Então com certeza é mentira, mas para não dizerem que não escutamos as denúncias infundadas dessa gente que vive de atrapalhar o progresso, diga-me do que se trata.

_ Disseram que uma criança indígena teria sido queimada viva em seu estado, Senador.

_Calúnia! Absurdo. Tenho certeza que se trata de boatos dessa cambada de psolista, esquerdopatas e radicais que tentam impedir o progresso do nosso nobre estado.

_ Obrigado Senador e desculpe por interromper as suas férias.

Cinco minutos depois entra no escritório o estagiário afobado.

_ Pronto, você já pode redigir a nota oficial. Diz aí que é tudo boato e que nossos índios continuam muito bem tratados pelos amáveis madeireiros.

_ Mas, senhor, foram só dois dias de investigação? Não vai procurar o corpo?

_ Cala a boca, menino! O Senador já disse que é tudo boato. Pra que perder tempo com um indiozinho?


Esse é um conto de ficção, qualquer semelhança com a realidade terá sido mera coincidência...

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

O Bicho Papão Tucano

Eu tirei o título de eleitor em 1989, ao 17 anos. E a musiquinha "meu primeiro voto pra fazer brilhar nossa estrela" cantei aos berros em inúmeras ocasiões. Eu era militante num tempo em que militante era um xingamento. Uma classificação feia como bater na mãe. Num tempo que militante do PT era aquele cara de pé na terra, que ouvia os movimentos sociais. Esquece. Num tempo que militante do PT ERAM os movimentos sociais. 

Eu chorei naquele debate com o Collor. E militei de novo, nas derrotas pra FHC. Com aquela sensação de quase. De acreditar que a gente tinha um projeto de país, de nação. De fazer algo de verdade. COM O POVO. Com os movimentos sociais. Com aquela gente, EU, que não tinha sido ouvida por tanto tempo nesse país.

Mulher, pobre, filha de uma baiana fugida do semi-árido, lésbica, eu via no PT a representação dessas lutas. Eu vi com desconfiança as alianças. MAS ERA EM NOME DE UM PROJETO DE GOVERNO. Era em nome desse bem maior. Das milhões de bocas famintas, dos excluídos. E a gente cede. E acha que é só um pouquinho. Só um Magno. Só um PR. Só um Sarney (ai como esse doeu). Porque o projeto é maior que isso.

E eu vi muita coisa acontecer. Eu vi sim muita coisa mudar. Mas vi, infelizmente, que o ceder ficou cada vez maior. Se com Lula no poder eu posso listar uma série de coisas que PODIAM TER SIDO MELHORES, nesse último ano eu posso listar uma série de coisas que NÃO PODIAM TER SIDO PIORES. Existem bandeiras históricas, tatuadas na pele de quem realmente fundou e deu sangue por esse partido que foram absolutamente esquecidas nesse governo. Ouvir a base, os movimentos sociais, a defesa de minorias, a luta pelos direitos reprodutivos das mulheres, a gestão participativa...cadê?

Eu lembro que na época das campanhas contra Collor e FHC o MAIOR argumento a favor deles era o medo do petismo. Não era se FHC podia fazer algo pelo país, mas tudo de ruim que Lula podia fazer. Não se discutiam as ideias e projetos do PT, mas a agenda que FHC jurava que era a nossa. Hoje, eu vejo militantes petistas usando o mesmo argumento. Algo vai mal? SERIA PIOR COM TUCANOS. Como se isso bastasse. Como se PSDB e FHC fossem algum bicho papão mitológico pra assustar criancinhas em comer toda a comida. Inclusive o quiabo horroroso e babendo da teocracia que invade o governo. Engulam Malafaia, Bolsonaro, Magno Malta, Sarney, veto ao kit antihomofobia, propaganda de opção sexual e cadastro de grávidas. COMAM TUDO OU O BICHO PAPÃO TUCANO VAI COMER VOCÊS.


Não dá. Nunca consegui comer quiabo. Não quero que a maior realização do governo Dilma seja ter impedido José Serra de governar. Não posso engolir um governo que cede a chantagem de Garotinho e veta kit de "propaganda de opção sexual". Não posso engolir cadastro de grávidas a troco de 50 contos. Não consigo ver LGBTs rifados e Ministra da Casa Civil tirando foto e convidando homofóbico pra palestrar em evento. Não posso ignorar líder do governo defendendo empresa que derrama óleo. Não tem Privataria Tucana que me faça cega ao óbvio caminho do PT em direção ao pragmatismo político assistencialista do toma lá dá cá. Não quero SUS financiando antros de tortura cristã a troco de apoio no Congresso. Me venderam a ideia de um PROJETO DE GOVERNO. E estão me fazendo comer um PROJETO DE PODER.

Eu comecei esse ano como militante e filiada. Em setembro, após mais desmandos do que consigo listar sem cansar, pedi minha desfiliação. E fiquei apenas como torcedora desconfiada. Termino o ano além da desconfiança. Em conflito com um governo que eu ajudei a eleger e em quem já não me reconheço.

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

O julgamento da vítima

Já se falou até demais sobre a falácia da falsa escolha. O texto do @_lasher_ explica tim-tim por tim-tim. Então vou pular a parte em que explico porque defender animais não exclui se preocupar com direitos lgbts, a fome no mundo ou a enchente nas Filipinas. Vamos ao lado mais espinhoso desse assunto. E que provavelmente muita gente não vai gostar.

Cachorros não são gente. E eu não quero dizer que, por não serem gente mereçam menos importância. O que acontece, e dá a sensação contrária em casos como esse, é que cachorros não dividem a população segundo suas crenças religiosas e/ou sociais. Deixa eu trocar em míudos. Quando um cachorro, de preferência fofinho, morre espancado a população não "precisa" passar esse acontecimento por um filtro que diz se a vítima merecia ou não o que lhe aconteceu. Ela não precisa consultar velhos preconceitos para dizer que o cachorro procurou o que lhe aconteceu ou que se ele ficasse quieto e no "lugar dele" nada disso teria acontecido.

Quando morre um homem negro, pobre, em confronto com a polícia por exemplo, essa mesma sociedade passa tal morte pelo crivo social "preto, pobre, de comunidade = possível bandido". E como possível bandido sua morte, ainda que possa ser escabrosa, passa a ser possivelmente justificada. Do mesmo jeito que anos atrás ( e até hoje em alguns casos) adultério era atenuante para crimes e mulheres assassinadas nessas condições não eram dignas da revolta popular.

Talvez o lado mais cruel dessa recente indgnação e quase histeria popular em torno da morte do cão é perceber que humanos tem como parâmetro de revolta a "qualidade da vítima" e não a maldade intrínseca do agressor. Um mesmo crime pode ser mais ou menos cruel e digno de mobilização popular em proporção direta ao que essa mesma população julga como vítima inocente (existiriam vítimas não inocentes e ainda assim vítimas?).

Seriam assim, menos dignos de atenção, crimes que ainda que tão cruéis e violentos tivessem por vítima alguém que não ajustasse no modelo de vítima inocente: prostitutas espancadas, menores infratores assassinados, presidiários queimados vivos, mulheres adúlteras, LGBTS... Argumento recorrente de Bolsonaros e Magnos Maltas da vida é que não existe homofobia, os gays é que procuram situações perigosos ou frequentam lugares violentos.

Não há nada de errado com se revoltar com a agressão injusta e cruel contra um animal indefeso. Errado é querer dividir vítimas entre dignas ou não da sua revolta.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Mentiras em nome de Deus?

Resposta ao texto de Marisa Lobo, psicóloga e cristã segundo ela mesma, que fala sobre o Estatuto da Diversidade Sexual, criando pânico infundado na sociedade com MENTIRAS E DISSIMULAÇÕES.
O texto pode ser lido AQUI



Cara Marisa, psicóloga cristã

Você mente tanto que é difícil até começar a responder, mas vou fazer algumas tentativas.

Você diz que o artigo 19 do estatuto da diversidade permitiria casamento gay pedófilo ou poligâmo. Vamos aos fatos:

Art. 19 - Serão reconhecidos no Brasil os casamentos, uniões civis e estáveis realizados em países estrangeiros, desde que cumpridas as formalidades exigidas pela lei do País onde foi celebrado o ato ou constituído o fato.

O art 19 reconhece o casamento LEGAL realizado em outro país. Me diga em que país a pedofilia ou o casamento gay poligâmico é legal? O casamento hétero poligâmico é legal em vários países, mas nenhum deles permite o casamento gay


Você alega que o artigo 25 cria a licença natalidade gay especial, dando 180 dias de licença ao pai gay e só 5 ao pai hétero (que denominação absurda)

Art. 25 - É assegurada licença-natalidade a qualquer dos pais, sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração de cento e oitenta dias.
§ 2º - O período subsequente será gozado por qualquer deles, de forma não cumulada.


O art 25 trata da adoção de um bebê. Se um casal gay adota um bebê UM dos pais terá direito a licença natalidade o outro permanece trabalhando. Assim como se um casal hétero adota um bebê a mãe terá direito a MESMA LICENÇA POR IGUAL PERÍODO enquanto o pai continua trabalhando. Absurda é a situação atual.



Você afirma que será obrigada a retirar o NOME da sua mãe e do seu pai da sua carteira de identidade. Vamos novamente aos fatos:

Art. 32 - Nos registros de nascimento e em todos os demais documentos identificatórios, tais como carteira de identidade, título de eleitor, passaporte, carteira de habilitação, não haverá menção às expressões “pai” e “mãe”, que devem ser substituídas por “filiação”

O artigo 32 retira os termos PAI e MÃE e substitui por FILIAÇÃO. O nome da sua mãe e seu pai permanecem no mesmo lugar. Apenas o qualificativo MÃE e PAI é que é retirado. Crianças filhas de mães únicas deixam de ter o constrangimento de ter **** no lugar do nome do pai.



Na tentativa de criar histeria por parte de pais, afirma que crianças de 14 anos serão transformadas em travestis com tratamento hormonal segundo o artigo 37. Mas não coloca o artigo nem comenta sobre o artigo 38 que fala que a cirurgia de redesignação sexual só pode ser feita a partir dos 18 anos.

Art. 37 - Havendo indicação terapêutica por equipe médica e multidisciplinar de hormonoterapia e de procedimentos complementares não-cirúrgicos, a adequação à identidade de gênero poderá iniciar-se a partir dos 14 anos de idade.

Aqui você demonstra má fé ou absoluto desconhecimento de matéria específica da sua profissão. O artigo fala em "indicação terapêutica por equipe médica e multidisciplinar" o que inclui pelo menos 2 médicos e psiquiatras que diagnostiquem o Transtorno de identidade de gênero. O tratamento e a cirurgia, que você preconceituosamente trata de mutilação genital é recomendade pela Organização Mundial de Saúde e por psiquiatras especialistas em transtorno de gênero.


Quanto ao pagamento por parte do SUS de cirurgias de redesignação sexual ele já é garantido atualmente por portaria do Ministério de Saúde. O Estatuto só regulamenta. Você parece ignorar que tal cirurgia é recomendada em casos específicos para diminuir o intenso sofrimento emocional sofrido por cidadãos transexuais. Que pagam os mesmos impostos que você parece não ter problemas se usados para fazer parques gospel pelo Brasil.


Os artigos 59 a 65 tratam da educação para a diversidade. Não existe menção a nenhum kit de qualquer coisa. Existe sim no artigo 61 a orientação de que escolas não adotem material que favoreça discriminação. No artigo 62 não proíbe festas do dias dos pais ou das mães, ainda que estes tenham se tornado apenas datas comerciais, mas sugere que elas adotem medidas para contemplar os "novos arranjos familiares". Uma criança orfã ou criada pela avó ou pelos tios se beneficiará grandemente dessas novas medidas

Art. 62 - Ao programarem atividades escolares referentes a datas comemorativas, as escolas devem atentar à multiplicidade de formações familiares, de modo a evitar qualquer constrangimento dos alunos filhos de famílias homoafetivas.

A senhora alega que o artigo 71 cria cursos de prostituição. A senhora leu o Estatuto? Por que se leu das duas uma, ou não sabe interpretar ou acredita que lésbicas, gays e transexuais só servem para trabalhar como prostitutas. Eis o texto do artigo 71:

Art. 71 - O poder público adotará programas de formação profissional, de emprego e de geração de renda voltadas a homossexuais, lésbicas, bissexuais, transexuais, travestis, transexuais e intersexuais, para assegurar a igualdade de oportunidades na inserção no mercado de trabalho.

ONDE ESTÁ O CURSO PARA FORMAÇÃO DE PROSTITUTAS DONA MARISA LOBO?

A senhora diz que o artigo 73 cria a cota gay. Mas o que diz o texto na verdade?

Art. 73 - A administração pública assegurará IGUALDADE DE OPORTUNIDADES no mercado de trabalho a travestis e transexuais, transgêneros e intersexuais, atentando ao princípio da proporcionalidade.

A senhora diz que será criada cela gay como regalia. Dona Marisa, a senhora sabe o que acontece a gays na cadeia? A senhora defende estupros coletivos como forma de ressocialização? Leia o texto dona Marisa! Identidade sexual significa assegurar que transexuais presos sejam preos em cadeias de acordo com sua identidade de gênero. Ou como a senhora acha que um travesti, transexual é tratado em presídios masculinos?

Art. 86 - O encarceramento no sistema prisional deve atender à identidade sexual do preso, ao qual deve ser assegurada cela separada SE HOUVER RISCO à sua integridade física ou psíquica.

 Art. 88 - O Estado deve implementar políticas públicas de capacitação e qualificação dos policiais civis e militares e dos agentes penitenciários, para evitar discriminação motivada por orientação sexual ou identidade de gênero

Polícia gay, dona Marisa? ONDE a senhora leu isso? O artigo 88 não cria nenhuma polícia especial. E pare de falar essa besteira de pessoas em equilibrio biológico de gênero. ESSE CONCEITO NÃO EXISTE NA PSICOLOGIA.


Os artigos 92 a 94 não proíbem nem pastores nem padres, nem pais de santo de falar qualquer coisa. Aliás eles nem citam qualquer uma dessas categorias, mas se a senhora está falando em pregações que desrespeitem a integridade física e psicológica e incitem a intolerância, aí sim estamos falando dos mesmos artigos.

Art. 92 - É assegurado respeito aos homossexuais, lésbicas, bissexuais, transexuais, travestis, transgêneros e intersexuais, de modo a terem preservadas a integridade física e psíquica, em todos os meios de comunicação de massa, como rádio, televisão, peças publicitárias, internet e redes sociais.
Art. 93 - Os meios de comunicação não podem fazer qualquer referência de caráter preconceituoso ou discriminatório em face da orientação sexual ou identidade de gênero.
Art. 94 - Constitui prática discriminatória publicar, exibir a público, qualquer aviso sinal, símbolo ou emblema que incite à intolerância.



Incitar a intolerância e desrespeitar a dignidade de um cidadão é crime.


Artigo 44 inciso III. Cara psicóloga a senhora faltou as aulas sobre transtorno de identidade de gênero? Para que uma criança e adolescente tenha direito ao registro do nome de acordo com sua identidade de gênero ela precisará ter um DIAGNÓSTICO MULTIDISCIPLINAR. E que desrespeito a dor e sofrimento dessas crianças e adolescentes a senhora faz ao sugerir que sejam chamadas de Juju Bibinha.


A senhora diz que é preciso ter pelo menos coragem de "ler e analisar esses estatuto gay". A senhora o leu? Por que se o leu e escreveu esse texto, cheio de mentiras, omissões, dissimulações e histeria então comete um crime. 




ÍNTEGRA DO ESTATUTO DA DIVERSIDADE SEXUAL


Alessandra Mascarenhas
Psicóloga Clínica e Psicopedagoga

 

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